Terça-feira, 24 de Fevereiro de 2015

CONSOLAÇÃO

CONSOLAÇÃO
(OLAVO BILAC)

Penso, às vezes, nos sonhos, nos amores,

Que inflamou à distância pelo espaço;

Penso nas ilusões do meu regaço

Levadas pelo vento a alheias dores...

Olavo Bilac

 

GLOSA

Penso, às vezes, nos sonhos, nos amores,

Que voaram de mim espaço fora,

Mesmo assim, me distraem, criadores

De emoções que demoram ir embora.

 

Eram amores caros de outra era

Que inflamei à distância pelo espaço;

Vivi-os numa doce primavera

E a mandar-lhes sonetos num abraço.

 

Penso num tempo casto e não devasso

Como ele hoje é de tanta liberdade;

Penso nas ilusões do meu regaço,

Na vida da família com saudade.

 

Sonho e lembro pessoas tão amigas,

Que foram bons poetas, escritores;

E com eles se foram as cantigas

Levadas pelo vento a alheias dores…

 

Clarisse B. Sanches - Góis Portugal

P. S. Último artigo publicado em vida por D. Clarisse Barata Sanches. Faleceu a 25 de dezembro de 2018 e as cerimónias fúnebres realizaram-se a 27 do mesmo mês. Ler mais aqui...

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Sábado, 2 de Agosto de 2014

LÁGRIMAS OCULTAS

LÁGRIMAS OCULTAS

“Se me ponho a cismar em outras eras”
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me-que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida…

FLORBELA ESPANCA

GLOSA 

“Se me ponho a pensar em outras eras”,
Medito nessa vida, com Saudades
De sonhos encantados e quimeras,
Aonde eu via só felicidades!

 

Hoje choro de penas e de amor
“Em que ri e cantei, em que era querida”,
E via o meu Jesus em cada flor
A decorar no campo, a linda Ermida!

 

Agora, sinto penas e, deveras,
Meu cérebro já cheio de memórias,
" Perece-me que foi noutras esferas”
E que tudo o que digo são histórias!

 

Mas não. Eu via amigos e abraços
A dizerem-me adeus na despedida
A com flores, até, no meu regaço,
Parece-me que foi numa outra Vida.”

Clarisse Barata Sanches - Góis - Portugal

Sem título

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Domingo, 6 de Julho de 2014

TODA ESTA NOITE UM ROUXINOL CHOROU

"As fêmeas que estão à procura de um companheiro tornam-se extremamente ativas por volta da meia-noite"

 

QUADRA DE FLORBELA ESPANCA

Toda esta noite um rouxinol chorou!
Gemeu, rezou, gritou perdidamente!
Alma de rouxinol, alma de gente,
Tu és, talvez, alguém se que se finou!

FLORBELA ESPANCA

GLOSA

Toda esta noite um rouxinol chorou”
 Chorou e não deixou dormir a gente,
 E só de madrugada se calou;
 Mas porque estava ele descontente?!

 

Abri uma janela, ele cantou,
“Gemeu, rezou, gritou perdidamente!”
Mas, num momento, alegre, se calou
Ao ver a companheira à sua frente!

 

Sem ela, numa noite, impaciente,
Apeteceu-lhe logo ir voar,
“Alma do rouxinol, alma de gente,”
E abala de manhã com o seu par…

 

Andava arreliado o rouxinol
E nesse voo, lindo, ele escutou:
Deixa te de lamúrias, olha o Sol!...
"Tu és, talvez, alguém que se finou!"

 

Clarisse Barata Sanches – Góis

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Domingo, 25 de Agosto de 2013

O TEMPO EXERCE O PODER

Mote

     O tempo exerce o poder

     como se fosse um tirano

     que se faz obedecer

     por todo o género humano!


João de Castro Nunes

GLOSA

     "O tempo exerce o poder"

     qual a justiça severa.

     É assim que tem de ser,

     e já dantes assim era.

 

      Seja rico ou seja pobre

     "como se fosse um tirano"

     ele não distingue o nobre

     em qualquer dia do ano.

 

      Sua regra de viver

     é pura democracia...´

     "que se faz obedecer"

     por uma lei de chefia...

 

      Se o mundo assim se gerisse

     ante um dever e um plano,

     havia menos sandice

     "por todo o género humano."

     Clarisse Barata Sanches

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Terça-feira, 13 de Agosto de 2013

MOTE

MOTE

Entre as personalidades

do "Centro de referência"

falta o Roque sem maldades

na sua santa demência!

 

JCN
João de Castro Nunes

GLOSA

"Entre as personalidades"

da nossa esfera atual,

Faltam as mentalidades

de Pedro Alvares Cabral..

 

Havia mais honradez

"do Centro de referência"

tinha fibra o português

e era nobre na gerência.

 

Hoje, a muita liberdade

já ninguém a leva aos Céus,

"falta o Roque sem maldade"

que era uma alma de Deus.

 

Escasseia a barba branca...

E gente  de mais  decência

e também de mente franca

"na sua santa demência!"

   Clarisse B. Sanches

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Sexta-feira, 9 de Agosto de 2013

A MAIOR DOR

MAIOR DOR

Nunca negueis o amor, a ternura e o carinho

Ao triste, ao infeliz que deles necessita;

Nunca negueis alívio à dor da alma aflita,

Nem caridade ao ser mais sórdido e mesquinho

 

Francisco dos Santos 

 

senhor.jpgEm grata memória deste saudoso Amigo com muitas saudades lhe dedico esta minha glosa, duma quadra de um soneto seu muito extraordinário.

GLOSA

 "Nunca negueis o amor, a ternura, e o carinho"

  A quem a sua sorte não sorriu na vida,

  Nem lhe negueis, agora, neste burburinho…

  Um caldo à vossa mesa e mesmo uma guarida!

 

   “Dar-lhes denodo e génio, neste seu caminho”

    “Ao triste, ao infeliz que deles necessita…”

    É servir o Senhor, se vive tão sozinho

   Abandonado, e a ver-se numa ação bonita!...  

 

   Não desviai os olhos, não, desta desdita

   E porque vive cá, de modo tão tristonho

   “Nunca negueis alívio à dor da alma aflita,”

    A quem Deus permitiu, também, na vida um sonho.

 

   A dor é bem cruel, viver sem ter um lar

  Que a crise lhe roubou e fê-lo pobrezinho;

  Jamais negueis afeto e mesmo um “doce olhar”,

  Nem caridade ao ser mais sórdido e mesquinho!”

 

 no seu  livro "Enlevos de Alma”  fui, eu, encontrar o seu bonito soneto A Maior Dor, colado no fim do livro. 

Clarisse Sanches - Góis - Portugal

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Sexta-feira, 8 de Fevereiro de 2013

ALMA MINHA GENTIL

ALMA MINHA GENTIL QUE TE PARTISTE

1961- 1985

Graça Maria

“Alma minha gentil que te partiste

Tão cedo desta vida descontente,

Repousa lá no Céu eternamente

E viva eu cá na Terra sempre triste.”

 

Luís de Camões

Glosa

“Alma minha gentil que te partiste”

E nos deixaste nesta ansiedade.

Eras a terna Graça que floriste

E encheste o nosso peito de Saudade!

 

Se Deus te quis, um dia, no Seu lar

“Tão cedo desta vida descontente”

Seria pra teu bem, pra te encantar,

Que a Terra cada vez é mais pungente!

 

Voaste como um Anjo, e inocente,

Mas se correu tão mal a cirurgia,

"Repousa lá no Céu eternamente”

Como eras linda e cheia de alegria!

 

O meu saudoso Adeus, Graça Maria,

Tão penoso que foi, como tu viste!

Oh! Canta-me suave melodia

“E viva eu cá na Terra sempre triste.”

 

Clarisse B. Sanches

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Domingo, 27 de Janeiro de 2013

A VELHICE

OLHA ESTAS VELHAS ÁRVORES!

    Olha estas velhas árvores, mais belas
    Do que as árvores moças, mais amigas,
    Tanto mais belas quanto mais antigas,
    Vencedoras da idade e das procelas...

                      Olavo Bilac

GLOSA

“Olha estas velhas árvores mais belas”

À beira dos cem anos, é verdade!

Quantos beijos de amor não viram elas

Nas aves a cantar felicidade?

 

Verdes ainda encerram mais valor

“Do que as árvores moças, mais amigas,”

São fortes e amorosas de calor

Para darem descanso das fadigas.

 

À sombra delas cantam raparigas

Que as louvam pela sua Natureza;

“Tanto mais belas quanto mais antigas”

Se admiram por seu porte de grandeza!

 

Homem, respeita as árvores com calma,

Dignas de figurarem numas telas…

Elas são como nós de corpo e alma,

“Vencedoras da idade e das procelas…”

Clarisse Sanches

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Sexta-feira, 11 de Janeiro de 2013

MOTES DE ALEIXO E GLOSAS DE CLARISSE

A RESPEITO DO LIVRO “MOTES DE ALEIXO”

E GLOSAS DE CLARISSE BARATA SANCHES 

GÓIS - PORTUGAL

Por Renã Leite Pontes

________________________________________ 

Os versos, “Glosas de Aleixo”

Feitos por Dona Clarisse,

Têm prumo, verdura e eixo...

Foi Renã Pontes quem disse.

 

                            Parecem “Lago de Prata”

                            Com dois cisnes namorando.

                            Dona Clarisse Barata

                            Lhes fez como um memorando

 

Enviado ao Céu de amor,

Como tribuna do povo.

Canto Sacro de fervor

Recebendo o ano novo.

 

                            Enfim, o livro é perfeito,

                            Redondilhas de valores,

                            Merece pelo seu preito

                            O meu condão de louvores.

 

Renã Leite Pontes / Acre / BRASIL

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Segunda-feira, 7 de Janeiro de 2013

MOTES DE ALEIXO E GLOSAS DE CLARISSE

 Motes de Aleixo e Glosas de Clarisse

QUANDO NÃO TENHAS À MÃO

  MOTE

   Quando não tenhas à mão

   Outro livro mais distinto,

   Lê estes versos que são

   Filhos das mágoas que sinto.

António Aleixo 

GLOSA

                    "Quando não tenhas à mão"

                    Um livro mais a teu jeito,

                    Lê obras de Salomão

                    Que era um Homem de respeito.

 

                    Podes ler, a qualquer hora,

                    "Outro livro mais distinto;"

                    O da Bíblia: "Luz da Aurora!,

                    O mais lido, se não minto.

 

                    Lê Camões com atenção,

                    Cruz e Sousa, António Nobre;

                    "Lê estes versos que são"

                    "Lembranças"duma alma pobre.

 

                    São quadras de sentimento,

                    Da vida como a pressinto;

                    Muito simples, sem alento,

                    "Filhos das mágoas que sinto."

 

                           Clarisse B. Sanches

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Mais de 12 livros publicados:

Primeiro livro
Cantei ao Céu e à Terra
1983
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Segundo livro
Gracita Flor da Saudade
1985
(Poesias e Memórias)

Terceiro livro
Luz no Presépio
1985
(Poesias)

Quarto livro
Quadras do Meu Outono
1989
(Poesias)

Quinto livro
Hinos da Tarde
1994
(Poesias)

Sexto livro
Arca de Lembranças
1997
(Memórias)

Sétimo livro
Cartas para o Céu
1998
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Oitavo livro
Góis e Seus Poetas
1999
(Poesias - Antologia)

Nono livro
Góis e Seus Poetas
2000
(Poesias - Antologia)

Décimo livro
Murmúrios do Ceira
2002
(Contos e Narrativas)

Décimo primeiro livro
Sonhos da Alma
2004
(Sonetos)

Décimo segundo livro
Rosários de Amor
2008
(Poesias)

Motes de Aleixo e Glosas de Clarisse

Prosa e Poesia (Pesquisa)

 

De Clarisse Barata Sanches

Rosários de Amor

Dedicatória:
Aos “Rosários de Amor”


Boa amiga Clarisse,
Converti-me aos seus Amores.
São lindos os versos-flores!
Chorei... Queria eu que visse...

Não sei que “frio” me toma,
Ao ler tamanha beleza...
Não é frio, com certeza,
É o amor que me assoma.

Beijadas por andorinhas,
Se fazem as suas linhas,
Com glória, honra em flor.

Solta-se o “Grito de Paz”,
E ninguém mais o desfaz
Nos ”Rosários de Amor”.

Rosa Silva (“Azoriana”)
Angra do Heroísmo
2008/04/07

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