CERCADO NUM LINDO VEU
A NEVE
Foi numa manhá fresca de Janeiro,
O dia alvoreceu
Cercado num lindo véu,
Resplandecente e branquinho!
Radiante de pureza,
Estava noiva a Natureza,
Cantavam Anjos baixinho!...
Entretanto, quando o sol a quis fitar
E a afagou num terno beijo,
Comovida,
Ela sentiu desejo de chorar.
Dos arvoredos da serra,
Caem lágrimas na Terra!
E o artista, que viu essa obra bela,
Contemplando a sua tela
Entristeceu-se também!...
Alma simples não sabia
Que as obras do maior Mestre,
Nãa as retrata ninguém!
C.B.S. In "Cantei ao Céu e à Terra"
......................................................................
DE QUANTAS GRAÇAS TINHA A NATUREZA
De quantas graças tinha a Natureza
Fez um belo e riquíssimo tesouro,
E com rubis e rosas, neve e ouro,
Formou sublime e angélica beleza.
Pôs na boca os rubis, e na pureza
Do belo rosto as rosas, por quem mouro;
No cabelo o valor do metal ouro;
No peito a neve em que a alma tenho acesa.
Mas nos olhos mostrou quanto podia,
E fez deles um sol, onde se apura
A luz mais clara que a do claro dia.
Enfim, Senhora, em vossa compostura
Ela a apurar chegou quanto sabia
De ouro, rosas, rubis, neve e luz pura.
LUÍS DE CAMÕES
MOTES DE ALEIXO
E
GLOSAS DE CLARISSE
(Usa Ctrl+C p/copiar
e Ctrl+V p/colar
o selo no seu blog)
|
|
Dedicatória: |