Andreia vai pela rua cambaleante, ao acaso, numa cidade de grande movimento, ninguém se apercebe daquela vida, que Deus dotou de afectos e inteligência.
Mas eu notei algo de estranho e abeirei-me dela e disse:
- Boa tarde, minha senhora! Parece-me triste, apoquenta-a alguma coisa? Poderei ajudá-la? Muito agradecida, mas não pode. A minha vida fazia um romance e é verdade que precisava de desabafar com alguém, mas numa hora destas e num sítio de tanto movimento é impossível.
- Mas marca-se uma hora para nos encontrarmos as duas. Onde mora?
- Num velho casebre, nos arrebaldes da cidade e ainda é um bocadinho longe.
- Mas eu vou consigo, para ficar a saber aonde reside.
Parámos, então, à porta de uma velha e pequena casa e despedimo-nos com um até amanhã.
No dia seguinte, bati – lhe à porta e ela mandou-me entrar, muito delicadamente. A casa era de estilo pobre, mas muito arranjadinha. Possuía, até, um pequeno escritório.
- Desabafe, então, comigo, minha amiga. Não receie. Sou Voluntária e trabalho com idosos e até nos Hospitais.
Já percebi e o meu medo fugiu-me, logo, apenas olhei a sua fisionomia. Vivi muitos anos na América do Norte, onde tive uma vida bem desafogada, graças a Deus. O meu saudoso marido era Tipógrafo e eu Escritora com Editor certo e muito consciente. Publiquei lá 12 livros em prosa e seis
Tive três filhos, que ao casarem me abandonaram. Eles e as mulheres só vinham â minha casa para me sacarem o dinheiro todo que eu ganhava. Cheguei a passar fome. Eles não sabiam governar-se, esbanjavam tudo em passeios e festas e vinham com os meus netos, para eu sentir pena e dar-lhes o que eu tinha e não tinha…
Ao ver-me na miséria e sem estima nenhuma da família, resolvi voltar â terra que me viu nascer, onde já tenho poucos parentes.
Pus um anúncio num jornal, faço traduções e ensino uns garotos do bairro. E é com isto que me governo. Sabe o que eu andava a fazer, naquele momento em que me encontrou? Andava em busca de um Editor, para publicação do meu litro “Prova de Vida”, ou seja, a minha vida própria. Corri Editoras e não encontrei nenhuma que desejasse, ao menos, ler a minha obra.
- Porque não tenta escrever ao seu Editor da América. Poderá até mostrar-se interessado?
- Já me ocorreu isso. Mas nem trago cabeça para me abalançar a esse evento.
- Eu vou ajudá-la. Dê-me o seu endereço e uma fotocópia da obra, que estou com curiosidade de a ler também.
- Está um bocadinho romanceada para lhe dar uma certa graça. Mas as puras verdades estão lá todas bem impressas.
Como a Andreia tinha já prontas as fotocópias, eu levei-as na mala e fui tratar do assunto.
Esperámos um mês e já com poucas esperanças, mas a boa nova chegou. Os Editores, depois de apreciarem e estudarem o enredo, resolveram editar-lhe a obra, que veio a alcançar um grande êxito. O livro que ela andou por aí a oferecer, de Casa em Casa, de Editora em Editora, foi traduzido em várias línguas e ela recebia, de quando em quando, uma razoável fonte de rendimento que ela distribuia por Casas de crianças e idosos. Também ainda para a Liga contra o Cancro.
Lembrava-se dos netos, quem sabe não estariam na penúria?! Foi, então, à Embaixada Americana, para saber dessa situação.
Hoje, bendiz a hora em que me encontrou numa rua movimentada da cidade, que fez transformar a sua vida e realizou o seu belo sonho, que há muito trazia na mente.
“Prova de Vida” é hoje um livro credível, apetecível de ler, com boa saída para as famílias que desejem instruir-se e melhor educar seus filhos e netos. Sabe-se que a sua obra está a servir de ensino,
Andreia não é só um talento à vista, mas além do mais, tem um coração grande, que a fez mulher de boas ideias e agradece a Deus poder situar-se melhor na vida, especialmente, para poder contribuir, com a sua obra moral e espiritual, para o bem de toda a humanidade.
Também eu me sinto feliz, por ter ajudado, com a minha decisão, uma mulher instruída e boa, que merecia um lugar especial na História do seu País.
C.B.S.
ANDREIA LUMINÁRIA!
Há laivos de angústia no peito de Andreia,
Divaga sozinha p'las ruas da dor;
Carrega uma cruz de penosa odisseia,
Sem paz, sem "família", sem elos de Amor!
Já fora ditosa, mas, desiludida,
Vai triste, alheada a tudo que vê,
Levando na mala a "Prova de Vida"
Da sua desdita, mas que ninguém lê...
Tentei ajudá-la, como Voluntária,
Quem sabe não fosse, também, luminária
Naqueles escritos que fez de raiz...
Um livro de mágoas, de Fé, de Verdade
Com pranto nos olhos e terna Saudade,
Que um dia surgiu a fazê-la feliz!
C.B.S.
MOTES DE ALEIXO
E
GLOSAS DE CLARISSE
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